O Império
Roma era uma cidade central de um amplo império, que ligava-se aos seus territórios por uma extensa rede de estradas. Essa ligação entre os territórios era importante para a comunicação e deslocamento rápido de tropas para as demais regiões do império. As áreas conquistadas por Roma que estavam fora da Península Itálica eram divididas em províncias. Havia as províncias senatoriais, que eram governadas por um procônsul nomeado pelo Senado sem tropas romanas permanentes, e as províncias imperiais, que eram militarmente ocupadas e comandadas por um governador, que era muitas vezes um chefe militar, nomeado pelo imperador e submetido diretamente a ele. Desde o início do império, o poder em Roma sempre esteve centralizado na figura do imperador, que era tratado como uma divindade, apesar do seu poder não ser hereditário. Por isso, a escolha de um imperador sempre envolvia disputas e conspirações.
Governo de Augusto
Em 27 a.C., Otavio, filho adotivo de César, recebeu do Senado romano os títulos de Augusto e de Princeps senatus. Sua chegada ao poder marcou o fim da República e o início do império romano. No decorrer de seu governo, Augusto adotou um conjunto de providências que estabeleceram prosperidade e estabilidade ao império por mais de um século. Esse período ficou conhecido como Pax Romana. Inicialmente, ele adotou medidas para neutralizar qualquer oposição do Senado ao seu governo, mantendo os privilégios e a possibilidade de enriquecimento da aristocracia senatorial. Também buscou pacificar a plebe usando uma política conhecida como "pão e circo", que consistia na distribuição de alimentos e no patrocínio de espetáculos gratuitos para o povo. Além disso, ele empregou parte da população mais pobre na construção de obras públicas. Para gerir o exército, Augusto valorizou e recompensou os legionários. Distribuiu terras para os veteranos das guerras de conquista, enviou tropas para as regiões fronteiriças e limitou o tempo de permanência dos generais em uma legião. Ele também adotou outras medidas, como a reorganização das finanças, a promoção de algumas reformas sociais e o retorno dos festivais religiosos tradicionais. Augusto promoveu uma política de valorização da identidade cultural romana, associando-se às tradições locais. Com esse propósito, incentivou a realização de cultos religiosos de adoração a divindades conhecidas pelo povo.
Processo de Integração
Durante o império, o governo romano continuou o processo de romanização das províncias, difundindo a língua e a cultura latinas e implementando a organização administrativa de Roma nos territórios conquistados no período. A difusão da cultura latina, no entanto, não foi igual em todas as províncias. Em algumas regiões, como a Lusitânia, foi bem aceita, e o processo de romanização ocorreu sem problemas. Em outras, como na Britânia, houve resistência, e a cultura latina teve pouca penetração.
Outra estratégia de integração foi dar a cidadania romana aos povos dos territórios conquistados. Na Grécia, o exercício da cidadania estava ligado à posse de direitos, como o acesso a cargos públicos e às magistraturas, e à participação em assembleias populares.
O direito à cidadania, que poderia ser pleno ou parcial, estava limitado apenas aos homens livres, sendo vetado a mulheres e escravos.
A concessão da cidadania romana a um indivíduo ou a um povo se transformou em um instrumento estratégico de controle, pois dificultava que povos se unissem e fossem contra Roma, diminuindo os riscos de rebeliões. Ainda durante o período republicano, os romanos concederam o direito à cidadania aos povos dominados que habitavam a Península Itálica e que aceitaram a submissão a Roma, enquanto escravizaram ou impuseram pesados tributos aos que resistiram. Já no governo do imperador Caracala, foi promulgado o Édito de Caracala, concedendo a cidadania romana a todos os indivíduos livres do império.
Prosperidade Econômica
Durante o governo de Augusto e até o segundo século da era cristã, o império foi ampliado, e a economia romana alcançou grande desenvolvimento.
Nesse período de estabilidade e riqueza, a conquista de terras novas possibilitou o aumento da produção agrícola e da criação de gado.
As terras conquistadas se transformaram em grandes zonas agropecuárias, que abasteciam os moradores da região e geravam excedentes para o comércio com outras regiões.
Para continuar com esse crescimento, o uso do trabalho escravo foi intensificado, tornando-se a base da economia romana. Uma grande parte, aproximadamente um terço, da população do império era constituída por escravos, sendo a maioria prisioneiros de guerra. A escravidão predominava na Península Itálica, embora existisse em todo o império.
O comércio entre Roma e os povos dominados era uma importante fonte de renda para o império. As províncias romanas forneciam as principais matérias-primas e os produtos consumidos em Roma. Porém, isso empobreceu os pequenos proprietários e artesãos, que engrossaram a massa de plebeus marginalizados em Roma.
Arquitetura e Escultura Romanas
Os povos romanos se revelaram grandes mestres das construções no período imperial. As enormes construções públicas, como templos, monumentos comemorativos, anfiteatros e aquedutos, eram a demonstração da grandiosidade do império. Os cronistas dessa época afirmaram que Augusto tinha feito uma “cidade de mármore”, devido à grande quantidade de mármore utilizado nas construções. As construções do período do império suplantavam a riqueza e singularidade.
A maioria dessas construções era decorada com bustos e estátuas de imperadores e outras personagens importantes do império, feitas de mármore ou bronze. As esculturas romanas seguiam padrões gregos de proporção, serenidade e equilíbrio. Na maioria das vezes, apenas as cabeças eram feitas de forma realista, de acordo com a fisionomia do imperador. O corpo era representado de forma perfeita, segundo os padrões de beleza da época. Os romanos também faziam relevos históricos que exaltavam vitórias das legiões romanas e o poder dos imperadores.
Pompeia
Pompeia localizava-se na base do vulcão Vesúvio, no sul da Península Itálica. Durante o ano de 79 da era cristã, o Vesúvio entrou em erupção. A cidade e a maioria de seus habitantes foram soterrados por uma grande camada de cinzas e outros detritos do vulcão.
No século XVI, Pompeia foi encontrada novamente, mas as escavações e pesquisas começaram apenas em 1748. Pompeia é um dos sítios arqueológicos mais espetaculares do mundo, pois possui objetos e edifícios em ótimo estado de conservação. Foram encontrados entre as ruínas moradias de famílias ricas, casas de banho, anfiteatros e muitos outros vestígios que auxiliam na pesquisa sobre a vida cotidiana romana no período imperial. Foram encontrados nas escavações números mosaicos e afrescos, pinturas feitas sobre paredes. Os afrescos representavam cenas domésticas e eram utilizadas cores fortes, como vermelho e azul-escuro.
Uma Nova Crença em Terras Romanas
O cristianismo começou a ser praticado na província da Judeia no início do império e, com o passar dos anos, difundiu-se pela Europa, pela costa mediterrânea da Ásia e pela África. Apesar de haver várias outras religiões nas terras romanas, nenhuma delas promoveu tantas mudanças quanto o cristianismo.
O passado greco-romano rompia com os valores cristãos, inspirando homens e mulheres a adotarem uma nova atitude diante da vida. Ao integrar os princípios da bondade e amor ao próximo, os fiéis tendiam a se tornar mais resignados com as dores do presente e a transferir sua esperança para a vida após a morte. Tanto para a cultura greco-romana quanto para as religiosidades das sociedades orientais da época, essas ideias eram estranhas.
Pregações de Jesus Cristo
Jesus foi o fundador do cristianismo. Sua história foi narrada por seus discípulos, em particular nos livros dos apóstolos Mateus, Marcos, Lucas e João, nos Evangelhos do Novo Testamento. Segundo essas escrituras, Jesus nasceu na cidade de Belém, na província romana de Judeia, em uma família judia. Ele iniciou suas pregações com 30 anos de idade, seguido por um grupo de apóstolos que foram selecionados por ele.
Jesus pregava a existência de apenas um Deus, a igualdade de todos aos olhos de Deus, o perdão, o amor ao próximo e o desapego de riquezas materiais. De acordo com a religião judaica, um messias (salvador) viria à Terra para salvar a humanidade de todos os pecados e ensinar o caminho para o reino de Deus. Quando Jesus iniciou as pregações, muitos judeus adotaram seus ensinamentos como guia para a vida, por acreditarem que ele era o esperado messias. Jesus criticou autoridades e costumes judaicos e defendeu os segmentos marginalizados da população em suas parábolas e sermões. Além disso, seu discurso pacifista e a negação do caráter divino do imperador eram uma ameaça à ideologia militar romana e ao poder do império. À medida que Jesus ganhava popularidade, as elites da Judeia e as autoridades romanas ficavam mais temerosas de que seus ensinamentos pudessem incitar uma grande rebelião popular. Jesus foi julgado pelas autoridades romanas e condenado à pena de morte na cruz, por causa de seu posicionamento.
Difusão do Cristianismo
Os apóstolos deram continuidade às pregações de Jesus mesmo após a sua morte. Eles se espalharam pelo Oriente Médio, pela Grécia e pela Península Itálica, onde formaram as primeiras comunidades de cristãos. Os apóstolos dessas comunidades conduziam cerimônias em residências ou escondidos em catacumbas, pois as autoridades romanas proibiam esses cultos cristãos.
Com a quantidade de conversões, os apóstolos começaram a chamar discípulos para ajudar a propagar a fé cristã. Ao final do século I, as igrejas cristãs de grande parte da Europa e da Ásia Menor já tinham uma hierarquia de cargos e funções relativamente bem definida.
Além de evangelizar, os apóstolos se encarregaram de reunir os textos com a mensagem de Jesus. O resultado foi um conjunto de 27 livros, escritos por diferentes autores ao longo do século I, que formaram o Novo Testamento.
Cristianismo: Perseguição e Triunfo
Os cristãos se recusavam a adorar o imperador e os deuses idolatrados; por esse motivo começaram a ser perseguidos pelos imperadores e autoridades romanas. Essas perseguições não ocorriam o tempo todo. Tinham momentos em que os romanos podiam caminhar por Roma e espalhar a mensagem de Jesus.
Mesmo com a perseguição, o crescimento do novo credo e a consolidação da Igreja cristã não foi impedido, ficando cada vez mais organizada. No século III, que foi quando os imperadores começaram a perder forças e a unidade do império passou a ser ameaçada, a Igreja já era uma constituição poderosa, capaz de influenciar grande parte dos habitantes de Roma. Por isso tornou-se importante o seu apoio.
A legislação imperial demonstrou essa mudança, em 313, pelo Édito de Milão, o imperador Constantino, já convertido, deu para os cristãos liberdade de culto e adotou um símbolo cristão para sua armada que era o crisma; 67 anos depois, o imperador Teodósio, tornou o cristianismo religião oficial do Império Romano pelo Édito de Tessalônica. Em menos de quatro séculos o cristianismo deixou de ser perseguido para se transformar em religião de Estado.
Os "Bárbaros"
O termo bárbaro, de origem grega era usado para designar estrangeiros, cuja fala soava, aos gregos, estranha e balbucia. No início o termo designava povos inferiores, selvagens e incivilizados, que não faziam parte da cultura grega. Porém o termo, adquiriu uma conotação pejorativa, pois, para os gregos todos os estrangeiros, inclusive os romanos, eram bárbaros.
Durante o século I, os romanos começaram a usar a palavra. Mantendo a conotação pejorativa, o termo era usado para identificar povos que viviam fora dos limites do Império, ou seja, que não partilhava a mesma cultura e nem a organização politica. Entre os “bárbaros”, o grupo predominantemente era formado pelo conjunto de povos germânicos do centro-norte e nordeste da Europa: francos, ostrogodos, visigodos, vândalos, anglos e saxões, entre outros. Embora todos os estrangeiros eram nomeador de bárbaros, havia grande diferença entre o seu modo de vida e cultura. Alguns viviam em vilas, dedicando-se a atividades agropastoris; outros eram nômades e viviam quase exclusivamente da prática da pilhagem. Até o século IV, foi relativamente pacífico o convívio dos romanos com os chamados bárbaros. Muitos líderes bárbaros estabeleciam acordo com os imperadores Romanos, para que possam se instalar nas terras fronteiriças do império em troca de auxiliar na segurança da região. Eles também serviam legiões romanas mercenários, e quando os escravos ficavam escassos, obtiveram permissão para entrar no império para servir como mão de obra.
Crise do Império
Durante o século III, o Império Romano viveu uma crise profunda, na qual se modificaram características das sociedades, da política, da economia e da cultura Romana.
Por centenas de anos, os romanos lutaram para conquistar novos povos. No século II, com as conquistas de Trajano, o império atingiu sua máxima extensão. No entanto suas campanhas militares foram muito caras e algumas não tiveram sucesso. Adriano, que era sucessor de Trajano, renunciou às guerras de conquista e abandonou os territórios da Mesopotâmia, que foram submetidos por Trajano, por causa que ele considerou difícil administrá-los.
Em consequência da diminuição das guerras de conquistas, as fronteiras do império se mantiveram estáveis. Legiões foram deslocadas para controlar territórios conquistados, garantir ordem interna e reforçar as fronteiras.
Os gastos para administrar um território tão grande como Roma, não diminuíram. O Estado precisava garantir suprimentos para as forças armadas, comida para população pobre, conservar estradas que servem para comunicação com outras províncias, pagar funcionários etc.
E, com a redução de guerras de conquista que era oque sustentava a economia de Roma, diminuiu a entrada de dinheiro nos cofres públicos. Os saques a cidades inimigas e os tributos pagos eram insuficientes. Assim para sustentar o Estado, e pagar os legionários, os imperadores aumentaram os impostos que aumentou as revoltas populares. Simultaneamente, o império foi muito impactado com a diminuição do número de escravos, que ocorreu por causa da redução das guerras de conquistas. A maior parte da mão de obra escrava do império eram prisioneiros de guerras. A falta de escravos afetou principalmente a Península Itálica, que dependia de escravos para todos os tipos de trabalho.
Invasão dos Bárbaros
Durante o século III, severas condições climáticas e guerras com outros povos forçaram os germânicos a migrar em direção a Roma. E na medida que as dificuldades econômicas de Roma aumentaram, essas migrações que antes eram pacificas ficaram cada vez mais violentas.
Muitas cidades e estradas de Roma ficaram destruídas, por conta dessas batalhas, além da fome ter agravado, por conta dos problemas de abastecimento. Parte da população se refugiou nos campos, devido ao medo, em um processo que ficou conhecido como ruralização do império.
Nesses campos, os proprietários pequenos empobrecidos procuraram se proteger da guerra e encontrar formas de sobreviver. Assim, eles cederam suas terras aos grandes proprietários, passaram a trabalhar para eles como colonos e entregando-lhes parte do que produziam, em troca de proteção. Esse sistema de trabalho chamado de colonato, foi aos poucos prevalecendo no lugar do sistema escravista nos territórios do Império.
Diante da gravidade crise, o imperador Constantino procurou outro lugar para ser a capital do império, que seja longe dos motins, dos golpes e das conspirações que abalavam Roma. Bizâncio foi a cidade escolhida, antiga colônia grega que, quando passou a ser capital romana se mudou o nome para Constantinopla, em homenagem ao imperador Constantino.
Queda de Roma
O império se manteve unificado por mais de 60 anos, quando foi dividido em Império Romano Oriental, que tinha sua capital em Constantinopla, e Império Romano Ocidental, que foi sediado em Ravena, e depois em Milão. A parte Oriental, conseguiu resistir aos ataques externos ate 1453, quando Constantinopla foi dominada pelo turcos.
Já a parte Ocidental caiu em 476, quando Rômulo Augústulo, último imperador romano foi deposto. Séculos depois, esse acontecimento politico foi elegido como o marco do fim da Antiguidade e o inicio da Idade Média.